Milhares de opositores ao governo de Nicolás Maduro se concentraram nesta terça-feira (30) em Caracas e em outras cidades venezuelanas para protestar contra a reeleição do presidente e reivindicar a vitória do candidato opositor Edmundo González Urrutia. Os manifestantes, que entoavam gritos de “liberdade, liberdade”, exigem uma revisão dos resultados eleitorais e a cessação da repressão às manifestações. Os apoiadores de González e da líder oposicionista María Corina Machado contestam o resultado das eleições de domingo (28), que, segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), deu a Maduro um terceiro mandato. A oposição afirma ter evidências de fraude eleitoral e pede uma recontagem transparente dos votos. A comunidade internacional também pressiona por uma investigação imparcial.
Durante a concentração em Caracas, González fez um apelo às Forças Armadas para que não reprima o povo e alertou sobre o uso excessivo da força. O número de mortos em protestos contra a reeleição de Maduro subiu para 11, de acordo com quatro organizações de direitos humanos. O diretor da ONG Foro Penal, Alfredo Romero, confirmou que cinco das vítimas foram mortas em Caracas, incluindo dois menores de idade. O Ministério da Defesa relatou que 23 militares também ficaram feridos durante os confrontos. A repressão aos manifestantes foi considerada “inaceitável” pela Casa Branca, e o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, pediu respeito às manifestações pacíficas. Em resposta, os seguidores de Maduro estão se organizando para uma grande manifestação de apoio ao presidente, que será realizada no palácio presidencial de Miraflores.
O líder opositor Freddy Superlano foi preso nesta terça-feira, em um episódio descrito pela oposição como uma “escalada repressiva”. O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, classificou os protestos como ações de “pessoas criminosas” e garantiu o apoio incondicional das Forças Armadas ao governo de Maduro. Os familiares de presos durante os protestos aguardam informações sobre os detidos, incluindo várias mulheres e menores de idade. A oposição já havia relatado a prisão de cerca de 150 pessoas durante a campanha.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) denunciou que as eleições presidenciais foram marcadas por “manipulação aberrante”, segundo o secretário-geral Luis Almagro. María Corina Machado afirma ter provas de que González venceu a eleição, com 6,27 milhões de votos contra 2,75 milhões de Maduro. A divulgação das atas de votação é uma exigência internacional, com apoio de países como Colômbia, Brasil e Estados Unidos. O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, criticou a intervenção de países estrangeiros nos assuntos internos da Venezuela, enquanto o governo venezuelano expulsou diplomatas de vários países, incluindo Argentina e Chile. Seis colaboradores de María Corina Machado buscam refúgio na embaixada da Argentina, que denuncia um cerco policial à sua sede.
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