O governo argentino anunciou nesta sexta-feira (19) a descoberta de uma “atividade fraudulenta em larga escala” no sistema de pensões por invalidez, após uma auditoria.
Entre os casos destacados, um médico utilizou a radiografia de um cachorro para obter benefícios.
“Um médico anexou ao certificado para a obtenção de pensão por problema lombar a radiografia de um cachorro“.
Afirmou Manuel Adorni, porta-voz da Presidência, durante uma coletiva de imprensa.
Adorni exibiu a radiografia, onde são visíveis as vértebras do rabo do animal. “E lhe concederam uma pensão por invalidez! Esse era o nível de descontrole”, criticou.
O governo estima que aproximadamente um terço dos US$ 3,4 bilhões (R$ 18,9 bilhões) destinados às pensões por invalidez em 2023 foram desviados de forma indevida.
O número de beneficiários aumentou de 79 mil em 2003 para 1,2 milhão em 2023, em um país com 46 milhões de habitantes. Adorni considerou esse número “estratosférico” e desproporcional para um país sem guerras ou catástrofes naturais recentes.
A auditoria realizada pela Agência Nacional de Deficiência (Andis) revelou que cerca de 60 mil beneficiários não atendem aos requisitos para receber a pensão, possuindo propriedades ou itens de luxo.
A pensão por invalidez no país é de cerca de US$ 170 (R$ 944,1) pelo câmbio oficial.
Em resposta aos resultados da auditoria, Adorni informou que o governo convocará todos os pensionistas para reavaliar suas justificativas médicas e situações socioeconômicas.
Em maio, defensores dos direitos das pessoas com deficiência protestaram em todo o país contra as medidas de ajuste fiscal do presidente Javier Milei.
Que incluem cortes de gastos, fechamento de repartições públicas, paralisação de obras, demissões e aumento de tarifas.
O setor enfrenta o fechamento de escritórios provinciais, atrasos nos pagamentos e demissões, enquanto a recessão se agrava e a inflação anual atingiu 271,5% em junho.
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