O dólar atingiu um novo recorde nominal nesta quarta-feira (18), encerrando o dia cotado a R$ 6,267, uma alta de 2,81%. O movimento ocorre em um cenário de incertezas econômicas no Brasil e no exterior, impulsionado pela tramitação do pacote de ajuste fiscal no Congresso Nacional e por decisões do Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos. No Brasil, o mercado financeiro reage ao andamento do pacote de cortes de gastos proposto pelo governo federal. Na noite de terça-feira (17), a Câmara dos Deputados aprovou o texto-base de uma das medidas, que inclui a possibilidade de bloquear até 15% das emendas parlamentares para cumprir os limites fiscais. Outras propostas, como mudanças no salário mínimo e abonos salariais, ainda aguardam votação.
Apesar do avanço inicial, economistas e agentes financeiros permanecem céticos quanto à eficácia das medidas para conter o endividamento público. Declarações recentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçaram a percepção de que o governo não pretende implementar cortes significativos nas despesas, o que tem alimentado preocupações sobre a sustentabilidade fiscal.
No exterior, o Fed anunciou o corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros, agora entre 4,25% e 4,50% ao ano. Embora a decisão tenha seguido as expectativas do mercado, a projeção de cortes modestos em 2025 reforçou a valorização global do dólar. Investidores veem a manutenção de uma política monetária mais cautelosa como um indicativo de desafios econômicos futuros, sobretudo com a perspectiva de inflação elevada.
A alta do dólar no Brasil ocorre em paralelo à queda de 3,01% no Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, que encerrou o dia em 120.941 pontos. Enquanto o dólar acumula valorização de 29,15% no ano, o Ibovespa registra um recuo de 7,07% no mesmo período. Para conter a volatilidade cambial, o Tesouro Nacional anunciou a realização de leilões extraordinários de compra e venda de títulos públicos. A iniciativa busca oferecer liquidez ao mercado e atenuar a pressão sobre a moeda brasileira.
Embora o pacote fiscal represente um esforço inicial para reequilibrar as contas públicas, economistas avaliam que as medidas propostas são insuficientes para restaurar a confiança do mercado. Com o recesso parlamentar se aproximando, o governo enfrenta o desafio de aprovar as propostas antes do fim do ano, em um ambiente de crescente volatilidade e desconfiança.
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